São Paulo, abril de 2020 - Passados cerca de quarenta dias de isolamento social devido à pandemia de coronavírus no Brasil, as empresas começam a mensurar os impactos e com o setor logístico não é diferente. No caso da Flash Courier, que realiza cerca de 3,5 milhões de entregas por mês, diversas mudanças foram realizadas de modo a adaptar as operações da empresa ao atual cenário. Essas transformações contemplam essencialmente produtos transportados, alternativas de modais para atender cada região do país, além de um plano pós-pandemia, que envolve forte investimento em tecnologia e automação.
Acerca dos produtos transportados, nos últimos 40 dias, houve uma queda de 35% no volume total das entregas, o que se reflete diretamente no segmento de cartões, core business da empresa. Vale lembrar que a Flash é líder no segmento bancário. A principal decrescente foi dos adquirentes (companhias que realizam transações financeiras), com 51% de redução; seguidos pelas administradoras de cartões Pré-Pagos, com queda de 47%; e as fintechs, que diminuíram suas emissões em 44%. Já os bancos, por manterem um relacionamento de uma cesta de produtos com os clientes, tiveram impacto menor, de 26,4%.
Em contrapartida, o segmento de produtos certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dobrou as entregas de amostras grátis de medicamentos. Essa ampliação aguda se deve ao valor agregado da solução: antes a Flash só realizava as entregas, mas agora, ela monta os kits de entrega nos consultórios médicos, uma vez que as empresas que realizam essa tarefa tiveram suas operações impactadas pela crise. Em números absolutos, no mês março, a Flash Courier realizou 5.650 entregas número que já deve chegar a 10 mil no fim de abril.
Outro produto relacionado à saúde refere-se à entrega de mais de 40 mil doses da vacina contra Influenza H1N1, em Porto Alegre, em ação de parceria com unidades das redes de farmácias Agrafarma e PanVel. A Flash Courier foi selecionada para a operação por ser uma das poucas empresas de logística no Brasil com autorização para transporte de produtos certificados pela Anvisa.
Além das mudanças no que diz respeito ao perfil de produtos transportados, houve impacto nas regiões do País. Em linhas gerais, foi possível notar diminuição da demanda em todas as regiões. Neste contexto, o Sul teve a maior redução do número de entregas, com 40,1%. As regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste registraram uma diminuição de 37%, 36% e 33%, respectivamente. O Sudeste foi a região com menor impacto, mas ainda assim significativo, de 25,5%.
Essas quedas têm relação direta com o meio de transporte que, por sua vez, impacta no prazo das entregas. Nas regiões Sul e Sudeste o impacto não foi tão grande, aumentando no máximo em 1 dia o prazo de entrega, uma vez que essas regiões podem ser facilmente cobertas por caminhões, setor que tem se mostrado bastante resiliente à crise.
Por outro lado, o principal problema tem sido as transferências de cargas entre os estados, principalmente para Norte e Nordeste, que dependem em grande parte da malha aérea. Isso porque a disponibilidade de rotas das empresas reduziu cerca de 90% e as cargas, em sua maioria, são transportadas em voos regulares de passageiros. Nesse sentido, a solução tem sido as contingências das rotas terrestres, ainda que elas também tenham se tornado escassas devido à expressiva redução de demanda. Para se ter uma ideia, os embarques, antes quase diários, agora chegam a um por semana dependendo do destino.
"No que diz respeito aos produtos transportados, o que estamos tentando fazer é observar as dores dos clientes e tentar agregar soluções que amortizem a crise no negócio deles. Além disso, novos mercados também podem se apresentar e estamos muito atentos. A ideia é encontrar novos negócios e reduzir ao máximo os impactos da crise. Já sobre, os modais e impactos na região, entendemos que o setor de caminhões tem mostrado mais uma vez suas força e determinação, mas ainda assim o impacto existe. Estamos resolvendo caso a caso, um dia por vez”, avalia Guilherme Juliani, CEO da Flash Courier.
Saída da pandemia é a tecnologia
Apesar de todo o impacto da crise gerada pelo Coronavírus, a Flash Courier decidiu manter, ainda que em ritmo mais lento, seus investimentos em um profundo projeto de estratégia de expansão, inovação e automação logística. “Antes da pandemia acometer a China, realizamos um investimento de mais de R$ 16 milhões em um projeto que contemplou a aquisição de 220 AGVs (veículos guiados automatizados), além de três esteiras, sendo dela uma esteira cross belt de 800 saídas, capacidade três vezes maior que o equipamento em uso atualmente”, detalha Juliani.
O executivo acrescenta ainda que, combinados, esses equipamentos tornarão as operações da Flash Courier uma das mais automatizadas e robustas da América Latina. “Em apenas um determinado galpão onde trabalham 35 pessoas, a capacidade de roteirização é, em média, de 6 mil pacotes por hora. Com os robôs e a esteira, esse número quase triplica, chegando a 17 mil pacotes por hora. Somado isso aos nossos WHM (Warehouse Management), além de termos uma capacidade de entrega muito maior, nosso índice de erros é quase zerado, tornando nossa operação muito eficiente”.
Segundo o CEO, é evidente que os planos da Flash Courier também foram afetados, mas a ideia é manter o foco também no médio e longo prazo. “No ano passado, decidimos investir na certificação e regulamentação para entrega de produtos regulados pela Anvisa. Estamos colhendo o fruto dessa decisão agora, em um grave momento de crise. Esse setor está amortizando nossas perdas. Entendo que o investimento em tecnologia será ainda mais determinante no momento de retomada. Precisaremos de tração e agilidade com tudo isso passar, então manter este projeto em pé será fundamental para o momento de retomada, que seguramente virá. É para lá que estamos remando”, conclui.