É claro: boa parte das lutas estão mesmo relacionadas à parte prática da atividade: às condições das rodovias, à jornada do motorista, ao custo do combustível, à legislação do setor.
Mas, nos últimos anos, tenho percebido que não é preciso percorrer milhares de quilômetros para encontrar algumas soluções. Muitas delas estão dentro de nós mesmo e outras, externas, absurdamente perto. Acredite: alguns problemas que enfrento no meu dia dia, que julgo serem questões logísticas, de tecnologia, das circunstâncias, do mercado, poderiam ser facilmente previstos e resolvidos por mim mesmo ou por pessoas da minha equipe.
Nos últimos anos descobri que se você sabe quais são os seus talentos e defeitos, quais são os talentos e defeitos da sua equipe, então você tem em mãos um mapa para te guiar rumo ao sucesso. Identificar habilidades e motivações, fraquezas e o objeções em si mesmo e nos outros é um ativo de enorme valor. O é fato é que entendi que, como líder, eu preciso comunicar bem meus valores e necessidades, a fim de que as pessoas se identifiquem e saibam como responder às minhas aspirações.
Obviamente, eu não descobri isso do dia para a noite. Foram necessários alguns anos de experiência e, em determinado momento, decidi passar por um processo de coaching. Essa foi uma decisão inteligente. Minha primeira experiência com o tema foi há 10 anos, quando fiz um curso e comecei a entender a transformação que ele poderia fazer em mim e, consequentemente, no meu negócio.
Há três anos resolvi me atualizar e apostei em uma nova formação. Estendemos a experiência para o nosso time de gerência e posso dizer com tranquilidade que o investimento vale a pena. Não só porque nos tornamos líderes melhores ou porque ele gera resultado prático para o negócio, mas especialmente porque nos tornamos pessoas melhores e convivemos melhor com nossas decisões.
Talvez você pense que isso não é para você. De repente acredita que conhece bem você mesmo, seus gatilhos de decisões, suas qualidades e seus defeitos. Talvez você tenha a convicção de que conhece bem seus funcionários e tem uma comunicação clara com eles. Talvez isso seja até verdade, mas o que posso dizer é que só percebemos as nossas falhas e o tamanho das oportunidades que perdemos quando aceitamos deixar um pouco o piloto automático e nos propomos a analisar criticamente nossa capacidade de liderança. Quando, por um momento, refletimos e colocamos nossas certezas em xeque. É isso que o coaching faz: ele não despreza seu conhecimento e aprendizado conquistados até aqui, mas te convida a utilizá-los como base de algo novo. Ele propõe o desenvolvimento de novas competências e habilidades profissionais e emocionais.
Ao trabalhar conceitos como autoconhecimento emocional, automotivação e reconhecimento de emoções em outras pessoas, o líder ganha ferramentas incríveis para a tomada de decisões no dia a dia e para o relacionamento com sua equipe. Um exemplo prático: ao invés de dizer o que o funcionário deve fazer, o gestor que trabalhou essas competências identifica o perfil do colaborador e o auxilia a chegar às suas conclusões sobre como agir. Isso ajuda a manter o clima organizacional saudável e incentiva a autonomia dos funcionários.
Entender melhor seu time também pode ajudá-lo a reorientar o lugar dos talentos e a capacitá-los. É comum ouvir os gestores reclamando sobre a dificuldade do “match perfeito” entre o funcionário e a empresa. A Pesquisa Global com CEOs 2019 da PwC mostrou que 34% dos líderes executivos enxergam a indisponibilidade de talentos-chave como uma das principais ameaças de suas empresas. Mas, será que os funcionários estão no lugar certo? E, se estão, será que têm capacitação para executar suas funções?
Você pode ter um líder empático e com pensamento estratégico trabalhando no operacional porque não conseguiu enxergá-lo além do seu currículo. Assim como pode estar aflito em busca dos erros, sem perceber que o gerente de uma equipe é ótimo como números, mas não sabe dar feedback e, por isso, tem uma equipe desmotivada.
O coaching me ensinou que as pessoas podem ser a solução mais valiosa para os desafios do meu negócio. E é claro que isso me inclui. Eu tenho que aprender a olhar para o meu funcionário e ajudá-lo a se desenvolver, mas também preciso me aperfeiçoar. Há uma pesquisa da Gallup que diz que o mau relacionamento com os gestores é o principal motivo para 75% das pessoas deixarem seus empregos. Outro levantamento da Michael Page revelou que 8 em cada 10 profissionais pedem demissão por causa do chefe.
O coaching nos ajuda a não apenas entendermos melhor nossos propósitos, mas também a compartilhá-los de forma clara e transparente. E quando fazemos isso eliminamos mal-entendidos, nos aproximamos da equipe e evitamos a construção de crenças limitantes nos funcionários. Aí, sim, seu pensamento pode ser levado para as estradas: afinal, é lá, no dia a dia da atividade, que você vai ver o resultado de ter investido em desenvolvimento de pessoas. E, claro, o bolso também agradece.